domingo, 13 de abril de 2025

"Sim, eu pedi baixa. E escolhi viver."


"Sim, eu pedi baixa. E escolhi viver."

Quase ninguém sabe, mas eu cheguei muito perto de tirar a própria vida enquanto era policial militar. A depressão me consumia aos poucos, e não foi fácil continuar sorrindo, fardando e cumprindo ordens enquanto por dentro eu estava desmoronando. Quando consegui me reerguer, tomei uma das decisões mais difíceis — e ao mesmo tempo mais libertadoras — da minha vida: pedi baixa. Porque eu também mereço ser feliz. E quantos hoje gostariam de ter a mesma coragem?

Agora, fora da PM, sou cobrada por postar vídeos antigos, gravados quando ainda estava na ativa. Vídeos que, para alguns, são “dancinhas bobas”, mas que para mim representavam respiro, resistência e até tentativa de leveza em meio ao caos. Em alguns deles, contei os dias para sair da corporação. Sim, eu já tinha decidido ir embora. Era cabo, tinha 15 anos de profissão e cicatrizes que só eu conheço.

Não entendo por que tanta gente prefere julgar a ex-policial que faz uma brincadeira no Instagram, ao invés de se indignar com o salário defasado, com a carga horária estourada, com o desrespeito à saúde mental dos militares. Onde está a empatia?

Escolher sair da PM não é fraqueza. É sobrevivência.

E hoje? Hoje eu sou dona de uma pousada. Sim, sou empresária em Porto Seguro, na Bahia. A vida fora da corporação existe. E pode ser boa, leve, cheia de novos sentidos. O que eu faço da minha vida agora é da minha conta. E aos que seguem na luta, minha admiração e respeito. Mas que nunca falte a coragem de priorizar a própria saúde, a própria paz.

Não julguem quem decidiu ir embora. A gente só quer viver em paz. Só isso.

— @laizcampos_