quarta-feira, 9 de abril de 2025


Debandada da base e protestos da segurança pública: Zema enfrenta pressão e vê pauta da Assembleia travada

Em dia que Minas passou por ataque do 'Novo Cangaço' e acidente de ônibus, governador teve reveses no legislativo e paralização dos servidores; adversários criticam

Por Luísa Marzullo — Rio de Janeiro 09/04/2025 10h01  

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), enfrentou um dia de tensão em sua gestão nesta terça-feira. Enquanto lidava com dois episódios que ocorreram no estado — o acidente de ônibus que resultou em onze mortes em Araguari, no Triângulo Mineiro, e o ataque do "Novo Cangaço" que explodiu uma agência da Caixa em Guaxupé — os deputados estaduais mantiveram a pauta travada na Assembleia Legislativa, e os servidores da segurança pública organizaram protestos.

Com uma base formada por 57 dos 77 deputados estaduais, Zema novamente teve dificuldades com o legislativo. Na terça, apenas dois dos seis vetos apresentados pelo governador foram votados. Enquanto a oposição tentava obstruir os trabalhos, os aliados governistas conseguiram manter os dois requerimentos do governador. Em seguida, a oposição obteve uma pequena vitória ao conseguir que a criação dos centros regionais de atendimento ao autismo fosse votada separadamente. O requerimento foi aprovado por unanimidade e, em seguida, os governistas deixaram o plenário. Com a falta de quórum, a sessão foi interrompida. Para o líder da oposição, Ulysses Gomes (PT), a base enviou um recado ao governador: — Foi uma grande derrota para o governo. A base manda o recado de que, se não houver diálogo na construção política, a pauta será derrotada. Os integrantes do bloco governista não falaram com a imprensa. Enquanto a pauta seguia travada na Assembleia, que não vota propostas há quinze dias, os profissionais da segurança pública realizavam protestos na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte. A principal insatisfação é a ausência de recomposição das perdas salariais da categoria. A pauta foi adotada por deputados do PL, que deixaram o bloco governista no início do ano e têm feito críticas ao governador. Na semana passada, em entrevista ao GLOBO, o vice-governador Mateus Simões (Novo) minimizou o impasse com esses servidores. Segundo ele, o auxílio-alimentação irá incorporar um aumento de 34% no salário desses profissionais. — Acho que já superamos este drama. Tínhamos uma pressão muito grande por uma revisão inflacionária, o que não conseguimos realizar, pois estamos aplicando uma revisão inflacionária geral. Acredito que a decisão do governador de não escolher categorias específicas para revisão foi acertada. Desde 2020, só temos feito revisões gerais, mas este ano conseguimos corrigir uma injustiça histórica e concedemos o auxílio-alimentação, um incremento significativo na renda — afirmou Simões. Em nota, o governo informou que mantém o diálogo com a categoria. "A gestão atual mantém os canais de comunicação abertos com os representantes das categorias e busca entender e atender suas demandas, dentro das possibilidades fiscais e estruturais do Estado", diz um trecho do posicionamento. As insatisfações não se limitam à segurança pública. Também nesta terça-feira, profissionais da educação buscaram aumento salarial na Assembleia Legislativa.

Críticas de adversários

Em meio aos entraves, opositores de Zema aproveitaram para criticá-lo. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o ataque do "Novo Cangaço" revela o "abandono" da segurança pública no estado. "As forças de segurança de Minas Gerais não são valorizadas e precisam exigir o que já é direito. Para combater esse tipo de crime violento e armado, a polícia precisa de estrutura. Quando fui senador, enviei dezenas de viaturas blindadas para nossa PM, que, aliás, é a melhor do país", escreveu em suas redes sociais. 

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