No documento remetido pelo governo mineiro, que se tornou público em outubro do ano retrasado, a verba para custear a alimentação das tropas não é mencionada.
Há, ainda, a possibilidade de a Fazenda estadual apresentar uma garantia de compensação financeira. Assim, o estado comprova que irá diminuir os gastos em uma rúbrica de mesma natureza e viabiliza a concessão de um novo auxílio. A compensação, entretanto, precisa ser aprovada pelo Conselho de Supervisão do RRF antes da confirmação de um novo benefício.
O Fator procurou a Secretaria de Estado de Fazenda a fim de entender se houve a elaboração de um plano de compensação financeira para garantir a ajuda de custo alimentícia. A reportagem também quis saber os argumentos que a equipe econômica do Executivo estadual utilizará para, eventualmente, justificar a nova despesa ante o Conselho do RRF. Não houve resposta, mas o espaço segue aberto.
A ajuda de custo
Segundo a equipe de Zema, o auxílio indenizatório será creditado nas folhas de pagamento de servidores das polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros. Trabalhadores que atuam nas unidades prisionais e socioeducativas, como os policiais penais, também terão direito ao abono.
Serão elegíveis para receber o benefício os servidores com carga horária igual ou superior a seis horas diárias e 30 horas semanais. A princípio, serão fornecidos R$ 50 por dia de expediente. A ajuda vai constar no holerite de abril, a ser depositado em maio.
Ressalva já foi utilizada
Foi por meio de uma ressalva da lei do RRF, por exemplo, que o governo Zema conseguiu incluir, no plano de recuperação econômica, empréstimos previstos para o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) ao longo dos próximos anos.
Ao citar expressamente as operações de crédito no arcabouço de medidas para a redução da dívida, o estado se livrou da trava que proíbe a contratação de empréstimos para casos alheios a eventos de calamidade pública. Assim, o BDMG ficou autorizado a captar recursos junto a outras entidades multilaterais, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês).
Em outra frente, o estado trabalha com a perspectiva de migrar do RRF rumo ao Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag). O novo mecanismo, sancionado em janeiro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), permite a federalização de ativos estaduais, como empresas estatais, para diminuir o saldo devedor dos governos locais. Os próximos passos para o ingresso de Minas no Propag giram em torno da regulamentação de medidas previstas no plano e do envio, à Assembleia Legislativa, de projetos de lei para autorizar a adesão.