Militares de duas unidades distintas e de regiões diferentes (4ª e 18ª RPM) tem relatado um sistema de avaliação de desempenho que, em muitas situações, desconsidera as condições operacionais reais e impõe cobranças desproporcionais. Essa realidade está afetando diretamente o trabalho da tropa, especialmente em locais de menor porte, onde as demandas operacionais muitas vezes não condizem com as metas burocráticas impostas.
É importante destacar que muitos policiais têm sido forçados a participar de reuniões e operações diárias excessivas, mesmo em cidades de pequeno porte, onde as necessidades da comunidade nem sempre exigem tanta formalidade. Em alguns casos, os policiais são obrigados a qualificar um número específico de pessoas durante essas reuniões, apenas para cumprir uma meta burocrática, sem levar em conta o que realmente é necessário no campo.
O mais preocupante, no entanto, é o vínculo de avaliação de desempenho à redução de crimes violentos, como homicídios, roubos e estupros. Em algumas situações, a informação que circula é que, caso não haja prisões ou ações efetivas, a avaliação será impactada negativamente, podendo refletir diretamente na remuneração dos policiais.
Essa medida, se confirmada, é extremamente injusta. A PM não tem controle absoluto sobre as ocorrências de crimes. Apesar dos esforços diários com operações preventivas, é impossível controlar todas as situações, especialmente em áreas de grande extensão e com recursos limitados.
Além disso, não há cobrança equivalente sobre outras instituições de segurança pública, como a Polícia Civil, Polícia Penal, Ministério Público e Sistema Socioeducativo. A PM, como linha de frente, acaba assumindo funções e responsabilidades que deveriam ser compartilhadas entre todos os órgãos.
Se as pressões estiverem sendo causadas, de alguma forma, pela concessão do vale-alimentação, isso se torna ainda mais inaceitável. A recompensa pelos esforços da tropa não pode ser condicionada a metas irreais e desproporcionais. Não é justo penalizar os policiais por fatores que estão além do seu controle.
Os militares são profissionais comprometidos e bem treinados, que sabem exatamente como atuar para proteger a sociedade. As metas e cobranças precisam ser ajustadas para que não haja um ambiente de pressão desnecessária, que prejudique a saúde mental e o desempenho da tropa.
O respeito à realidade operacional e às condições de trabalho da PM é essencial. A cobrança precisa ser mais realista e justa, e os militares merecem trabalhar em um ambiente onde a valorização de seu esforço seja a prioridade, e não a imposição de metas impossíveis de serem cumpridas.
É hora de repensar essas práticas e dar à tropa as condições necessárias para realizar seu trabalho de maneira digna e eficaz.