segunda-feira, 10 de março de 2025

Esposa de major, ‘sargentinho’: veja o que se sabe sobre o caso da oficial de justiça agredida por PM Oficial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais é casada com major da PM


Esposa de major, ‘sargentinho’: veja o que se sabe sobre o caso da oficial de justiça agredida por PM

Oficial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais é casada com major da PM

O sargento da Polícia Militar (PM) Daniel Wanderson do Nascimento, de 49 anos, preso por agredir com uma oficial de Justiça com soco e cabeçada, também é acusado de agredir e ameaçar colegas de farda. Conforme o Boletim de Ocorrência (BO) sobre o caso, registrado sábado em Ibirité, na Grande BH, ele resistiu à prisão e chutou os testículos de outro sargento, além de chamá-lo de ‘terceirinho de merda’.

A oficial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) é Maria Suely Sobrinho, 48 anos, casada com um major da PM, e foi agredida no Dia Internacional das Mulheres ao tentar entregar uma intimação ao enteado do militar, identificado como Kelvin.

O sargento Daniel teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva em audiência de custódia na Justiça Militar. Ele foi autuado na justiça militar pelos crimes de agressão a subordinado, descumprimento de ordem, desrespeito a superior, desobediência e ameaça. Ele ainda passará por audiência na Justiça comum.

Veja a cronologia dos fatos:

  • O major marido da vítima acionou os colegas de corporação após ser informado pela esposa sobre as agressões. Ao chegarem ao local, os militares encontraram a vítima com o rosto ensanguentado.
  • A oficial conta no BO que o sargento, que estava na porta de casa com o Kelvin em um carro, se passou pelo enteado, recebeu a intimação e repassou o documento ao enteado, que estava no banco de trás do veículo.
  • Maria Suely alertou que ele não poderia se passar por outra pessoa para ler a intimação. Nesse momento, conforme o BO, o sargento Daniel se exaltou, começou a questionar a identificação da Oficial de Justiça, disse que era policial e esfregou um documento funcional no rosto dela.
  • Ainda conforme o BO, a oficial disse que acionaria a polícia. Nesse momento, levou uma cabeçada e um soco no rosto, caindo no chão. O sargento disse que ela poderia chamar a polícia, pois seria apenas uma “lesão corporal” e não daria em nada. Em seguida, ao perceber que a oficial estava chamando a PM, fugiu do local.
  • A oficial foi levada à Unidade de Pronto Atendimento de Ibirité e foi diagnosticada com escoriações no rosto, no nariz, edema na pálpebra inferior bilateral e hemorragia na conjuntiva direita. Durante o atendimento, Maria Suely relatou dores na face, crânio, nariz e episódios de náuseas.
  • No local das agressões, os primeiros policiais encontraram verdadeiro Kelvin, que se recusou a fornecer informações e entrou em casa após a agressão. Os militares desconfiaram que o agressor estava no imóvel e entraram no local pelo portão, sendo recebidos com hostilidade e ameaça. Kelvin, consta no BO, segurava uma pá de maneira. Outras duas moradoras exigiram que os militares deixassem o local.
  • Uma delas ligou para o sargento Daniel, colocou o aparelho no viva voz e o suspeito chamou o colega de farda de ‘terceirinho de merda’ e disse ele era ‘antigão!’
  • Pouco tempo depois, o militar voltou à casa, resistiu à prisão e acertou um chute no testículos do sargento que atendia a ocorrência. Nesse momento, Daniel recebeu voz de prisão.
  • As duas mulheres, esposa e enteada do sargento Daniel, também receberam voz de prisão por desobediência. Já Kelvin fugiu pelos fundos do lote e, posteriormente, voltou ao local foi arrolado como testemunha.

Versão do sargento

  • O sargento Daniel alegou no BO que, ao chegar à sua residência, encontrou uma mulher descaracterizada perguntando por ‘Kelvin Jhonny’. Ele argumentou que estranhou a abordagem e questionou a identificação da mulher.
  • Além disso, disse que oficial empurrou um papel no seu rosto, e ele respondeu empurrando sua carteira funcional no rosto dela. O sargento negou ter agredido a oficial de Justiça e disse que saiu do local.
  • Ainda na versão dele, a esposa informou, por telefone, que policiais haviam invadido sua residência. Ele então conta que voltou ao endereço a pé, pois seu carro tinha apresentado problemas mecânicos. Ele diz ter imobilizado com um golpe de mata-leão e que permaneceu algemado na unidade militar, sem água e reclamando de dores nas mãos em razão das algemas.

Ameaças

  • O sargento que atendeu a ocorrência informou que as ameaças continuaram durante a elaboração do BO, já na unidade policial. “Você é um terceiro e recruta, eu sou antigão e mais homem que você! Tire essas algemas que eu vou te arrebentar! Não vou me ver com você na Justiça Militar, vou ver você fora dela!”, descreve o BO, que cita um soldado como testemunha das ameaças.

Esposa de major, ‘sargentinho’: veja o que se sabe sobre o caso da oficial de justiça agredida por PM Oficial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais é casada com major da PM

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