sábado, 4 de janeiro de 2025

Desabafo de um policial:


Desabafo de um policial:


Chega um momento em que a gente se pergunta até onde vai nossa resistência. Como policial, eu sabia que a carreira exigiria sacrifícios, mas não imaginava que isso incluiria o peso de viver com o básico. O que a gente ganha mal cobre as contas, e, aos poucos, a gente vai vendo a vida familiar sendo apertada, como um laço que vai ficando mais e mais justo, sem espaço para respirar.


Conversando com colegas e observando o que acontece ao redor, percebo que não é só onde trabalho. Estamos recebendo doações de sacolões e produtos de supermercados. Eu sabia que não seriam nada de luxo, mas com a realidade que enfrentamos, qualquer ajuda é bem-vinda. Quando peguei a embalagem do supermercado e abri, encontrei alimentos com a validade quase no fim, produtos que outros provavelmente descartariam. O que outros jogariam no lixo, para nós foi um alívio, um respiro temporário.

Não me entenda mal, não estou reclamando da ajuda. Ela é um alívio momentâneo, sim. Mas me dói perceber que chegamos a esse ponto. Que precisamos de um favor para conseguir colocar algo básico na mesa. Que em pleno 2024, um policial se vê dependente de uma sacola de hortifrútis para aliviar um pouco a pressão do final do mês. Nossos gastos com alimentação e deslocamento são altíssimos, e a cada ida ao supermercado, a sensação de estar lutando contra um muro que nunca cai é mais forte.

Já cheguei a verificar se, com a minha morte, minha esposa e filhos teriam uma vida mais digna. Não é fácil pensar isso, mas é a dura realidade de quem vive à margem, tentando fazer o máximo com o mínimo.

Poder ter algo para colocar na mesa sem precisar pagar o preço cheio já é uma pequena vitória, mas é triste. É triste saber que, mesmo fazendo tanto, o que recebemos não é nem de perto o suficiente. Que nossos filhos, nossas famílias, vivem com o mínimo, enquanto o sistema continua ignorando o nosso sacrifício.

Eu sei que merecemos mais. Mais reconhecimento, melhores condições, um salário digno. Mas, no fim, o que a gente tem é o que nos é dado, e hoje é isso. Um pouco de comida que alguém acha que vai vencer, mas que, para nós, é a única coisa entre a fome e a sobrevivência.

A luta é diária, e, mesmo com todo esse desgaste, seguimos. Às vezes, me pergunto até quando vamos conseguir continuar assim, sem que ninguém se importe. Até quando vamos ter que nos conformar com o que sobrou. Mas, por agora, é o que temos. E, mesmo que seja um alimento prestes a ser jogado fora, é o que vai sustentar minha família por mais alguns dias. Não é o ideal, mas é a nossa realidade. E a gente vai tentando, sempre tentando, apesar de tudo.

Tem uma turma por aí que parece viver no faz de conta, onde o status, a viatura nova, a plotagem e a fardavdiferente são mais importantes que a barriga vazia de seus familiares. Os mais vibradores, os que realmente fazem acontecer, somos nós, os praças.

Os oficiais, já estão com os deles garantidos. Não é culpa deles. Eles estão lá por merecimento. Como diziam antigamente, "quem mandou você não estudar".



O texto reflete um desabafo profundo de um policial sobre a dura realidade que enfrenta em sua profissão. A mensagem central é o sofrimento silencioso dos praças, os policiais de base, que lidam com salários baixos e condições precárias, enquanto o sistema parece ignorar o sacrifício deles. A crítica é voltada para o fato de que, embora os oficiais tenham suas condições asseguradas, a base da corporação vive uma luta constante para sobreviver, tendo que se contentar com o mínimo, como alimentos prestes a vencer.

O policial lamenta o reconhecimento e as condições inadequadas, mesmo diante do esforço contínuo. A situação é retratada como uma luta diária pela dignidade, onde a ajuda, mesmo que mínima, é vista como uma vitória temporária diante da falta de recursos.


Além disso, o texto também critica a superficialidade de parte da instituição, onde a aparência, o status e os benefícios parecem ser mais valorizados do que a verdadeira luta de quem está na linha de frente. No fim, a lição é de resistência, mas também de indignação contra a desigualdade que existe dentro da própria corporação.


https://www.blogdarenatapimenta.com/2025/01/desabafo-de-um-policial.html

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