O reajuste de Zema: legalidade não significa legitimidade
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), alcançará em 2025 o maior salário entre governadores do Brasil, com vencimentos de R$ 41,8 mil mensais. Esse aumento, aprovado pela Assembleia Legislativa em 2023, representa um reajuste de quase 300% em relação ao salário de R$ 10,5 mil que recebia até 2022. Apesar de dividido em três etapas, o aumento escancara uma desconexão entre as prioridades do governo estadual e as demandas da população mineira.
Minas Gerais enfrenta uma série de desafios, como hospitais sobrecarregados, infraestrutura precária e servidores públicos com salários defasados. Ao mesmo tempo, a maioria da população convive com um custo de vida crescente, enfrentando dificuldades para acessar serviços básicos. O aumento salarial do governador e de seus secretários surge como um contraste gritante, reforçando o abismo entre governantes e governados.
Embora o reajuste tenha sido aprovado de forma legal, a questão central não é a legalidade, mas a legitimidade. Como justificar um aumento tão expressivo em um estado com tantas pendências sociais e econômicas? A decisão parece ignorar o impacto simbólico e moral, enfraquecendo a confiança da população na gestão pública.
Governar é, acima de tudo, um ato de responsabilidade social. O aumento para Zema e seus secretários é uma escolha que prioriza o conforto de uma minoria em detrimento das necessidades urgentes da maioria. A liderança exige mais do que seguir a lei: exige sensibilidade para compreender o momento e as dificuldades de quem realmente sustenta o estado.
Esse episódio reforça uma dura realidade da política brasileira: o distanciamento das elites governamentais das condições reais de vida do povo. Em tempos de crise, o que se espera dos líderes não são aumentos salariais exorbitantes, mas medidas que demonstrem compromisso com a coletividade e respeito à situação do estado.