terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Reflexão sobre a migração de policiais para outros estados

 Reflexão sobre a migração de policiais para outros estados


Um dos fatores que têm levado muitos policiais a buscarem oportunidades em corporações de outros estados é a percepção de que a principal batalha não está mais nas ruas, mas dentro da própria instituição. Questões administrativas, como o monitoramento constante pelo GPS das viaturas, reuniões para justificar a operacionalidade e um modelo de supervisão focado exclusivamente em identificar falhas e aplicar punições, têm gerado insatisfação crescente.


Adicionalmente, práticas administrativas que impactam diretamente o trabalho operacional, como cobranças sobre o uso do ar-condicionado nas viaturas, limite de consumo de combustível (com cota de 30 litros por turno) e a obrigatoriedade de abastecimento com etanol em viaturas flex, como a  S10 beberrona, têm sido alvos de críticas. Tais medidas, vistas como tentativas de economia, frequentemente desconsideram a realidade das atividades de patrulhamento e o desgaste sofrido pelos policiais no cumprimento de suas funções.


Em algumas unidades,  o ambiente interno é tão tenso que muitos militares afirmam ser menos desgastante enfrentar ocorrências de alto risco nas ruas do que lidar com as visitas da supervisão. Essa pressão afeta até mesmo policiais experientes, com mais de 15 anos de carreira, que se sentem desmotivados e desvalorizados diante de tantas cobranças e tão pouco reconhecimento.


Essa realidade reforça a necessidade de um debate mais amplo sobre as condições de trabalho e as práticas de gestão, buscando um equilíbrio entre controle administrativo e valorização dos profissionais. Uma polícia eficiente e motivada depende de medidas que reconheçam e respeitem o trabalho daqueles que estão na linha de frente da segurança pública.


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