segunda-feira, 4 de novembro de 2024

De olho em 2026, Zema intensifica críticas a Lula

 


De olho em 2026, Zema intensifica críticas a Lula

Governador de Minas Gerais marcou posição contra o governo federal em ao menos quatro ocasiões na última semana; postura diverge das farpas junto a acenos que seguia

Por Luísa Marzullo — Rio de Janeiro

04/11/2024 10h32  Atualizado há 7 horas





Não faz muito tempo desde que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), falou sobre deixar as diferenças de lado em relação ao presidente Lula (PT). Em fevereiro deste ano, quando o chefe do Executivo esteve no estado, os dois fizeram importantes acenos. Nove meses depois, o cenário de cordialidade se converteu em duras críticas, já de olho no projeto presidencial de 2026.


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Neste último mês, o governador abriu, ao menos, quatro frentes de ataques em relação ao presidente. O primeiro se deu durante o acordo de repactuação de Mariana, quando trocou farpas com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.


Na semana seguinte, as críticas se intensificaram quando o governador anunciou que Minas Gerais não iria voltar a cobrar o Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito, mais conhecido como DPVAT. Extinto em 2020, o DPVAT foi rebatizado e agora se chamará SPVAT. O Congresso Nacional aprovou a volta de sua cobrança para o início de 2025, e a lei foi sancionada pelo presidente.


— A volta do DPVAT é um absurdo. Sempre foi um imposto disfarçado de seguro, beneficiando apenas os amigos dos poderosos, que lucraram milhões com isso no passado. Em Minas, sob meu governo, não vamos cobrar isso dos proprietários de veículos. Mudaram o nome para SPVAT, mas aqui não teremos essa cobrança — disse Zema à Itatiaia.


A postura de embate foi mantida ao longo dos últimos sete dias, quando Zema recusou um convite para participar de um encontro que discutiu a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública. A reunião se deu na quinta-feira (31) em Brasília.


O governador enviou um ofício justificando sua ausência e informando que o encontro serviria apenas para "discursos políticos". "Apesar da apresentação das propostas ao Ministério da Justiça, ainda não tivemos uma resposta satisfatória sobre os pontos apresentados. Nem mesmo recebemos quais serão os termos da PEC da Segurança a ser apresentado ao Congresso", justificou. Em vídeo veiculado em suas redes, ele completou:


— Queremos mais ação e menos debate. Nós temos visto um governo que tem procurado debater sobre o crime e não combater o crime. Por esse motivo, eu não fui a Brasília.


No mesmo dia que faltou a reunião, Zema criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em anular as condenações do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT), na operação Lava-Jato. "O crime compensa no Brasil? José Dirceu, ex-ministro do PT, condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, teve suas condenações anuladas. Mais uma decisão que desrespeita a sociedade e enfraquece a luta contra a impunidade", escreveu em seu perfil no X.


De olho em 2026...

A abertura de fogo contra o governo federal ocorre em meio às tentativas do governador em se cacificar para um projeto presidencial daqui há dois anos. Em declarações públicas, Zema já diz estar à disposição para participar do projeto da direita ao Palácio do Planalto.


Em meio à inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a chance do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), optar por tentar a reeleição, o mineiro aparece como um dos possíveis nomes para, ao menos, compor a chapa. Também tentam se viabilizar Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Júnior (Paraná).


A postura embativa de Zema difere da que vinha adotando desde o início de seu segundo mandato. O governador já tinha feito acenos a bolsonaristas, como quando afirmou que não iria cobrar caderneta de vacinação no ato da matrícula nas escolas estaduais, mas fazia uma espécie de morde e assopra com Lula.


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