A derrota do deputado Bruno Engler para o prefeito Fuad Noman nas eleições de Belo Horizonte representa um segundo revés para o governador Romeu Zema, que já havia apoiado Mauro Tramonte no primeiro turno sem sucesso. Esse resultado, junto com o apoio tardio de Zema no segundo turno, gera questionamentos sobre a eficácia do capital político do governador como cabo eleitoral na capital mineira. Apesar de ter anunciado o vice-governador Mateus Simões como sucessor nas próximas eleições, Zema vê sua influência política na cidade ser colocada à prova.
Nos bastidores, membros do Novo argumentam que a imagem de Zema foi pouco explorada nas campanhas de Tramonte e Engler, o que pode ter comprometido o apoio aos candidatos. Enquanto Tramonte teve a presença do ex-prefeito Alexandre Kalil em sua campanha, restringindo a atuação de Zema, Engler teve o apoio formal do governador apenas na reta final, com um único vídeo divulgado nas redes sociais poucos dias antes do pleito. Esse posicionamento discreto levantou dúvidas especialmente entre servidores públicos da segurança estadual, categoria onde Zema enfrenta alta rejeição.
Nas últimas eleições, Zema demonstrou poder de transferência de votos ao reduzir a diferença entre Bolsonaro e Lula em Minas, mas as derrotas recentes colocam em dúvida sua força como apoiador nas eleições municipais, especialmente em Belo Horizonte. Apesar de ter vencido Kalil na cidade há dois anos, a aprovação de sua gestão ainda divide os eleitores da capital, segundo pesquisas recentes.
Mesmo tímido, o apoio de Zema a Engler rendeu questionamentos de servidores estaduais das forças de segurança pública do Estado, categoria em que, ao lado do magistério, o governador tem alta rejeição. Em uma agenda na Associação dos Praças Policiais e dos Bombeiros Militares, em 22 de outubro, o candidato do PL disse que “a gente não está votando no Zema, está votando em mim”. Ele ainda ressaltou que tem “divergências” com o governador. “Tanto que ele não me apoiou no 1º turno”, emendou.