segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Ativos x veteranos

 




A atual discussão sobre os benefícios destinados à tropa da ativa e os direitos adquiridos pelos veteranos da Polícia Militar exige uma análise profunda e equilibrada, que transcenda o imediatismo e as divisões internas. É inegável que nenhuma classe profissional pode sobreviver sem reajustes salariais periódicos. A própria natureza do serviço público, especialmente em uma carreira tão desafiadora como a policial, demanda uma política salarial justa e condizente com as responsabilidades e sacrifícios impostos a seus membros.


É importante destacar que, enquanto os benefícios da tropa da ativa estão no centro das discussões, a realização de uma campanha salarial abrangente é não apenas esperada, mas absolutamente necessária. O comando, ao discutir melhorias para os policiais da ativa, não está, de forma alguma, negligenciando os veteranos. Ao contrário, reconhece-se que uma carreira saudável e atrativa é aquela que permite condições dignas tanto para os que estão na linha de frente quanto para os que já dedicaram décadas de serviço à sociedade.


No entanto, o ponto que merece reflexão mais aprofundada é a percepção de antagonismo entre os ativos e os veteranos. Embora as conquistas dos veteranos, muitas vezes asseguradas ao longo de anos de luta, devam ser respeitadas, é natural que cada geração enfrente contextos distintos, resultando em benefícios e perdas próprios de seu tempo. Esta realidade, ainda que difícil de ser aceita por alguns, faz parte da dinâmica de evolução das instituições públicas.


Ademais, a questão não deve ser vista como um jogo de soma zero, em que os ganhos de um grupo necessariamente significam perdas para o outro. As melhorias para a tropa da ativa, longe de representar um enfraquecimento dos direitos dos veteranos, podem ser vistas como um reflexo da continuidade das lutas históricas da classe. Um benefício concedido hoje para os policiais da ativa pode, em um futuro próximo, consolidar-se como uma conquista que também beneficiará os que estão prestes a ingressar na inatividade.


É preciso cautela para que a categoria não caia na armadilha da divisão, que historicamente tem servido aos interesses governamentais de enfraquecer a classe trabalhadora. A fragmentação entre ativos e veteranos pode diluir o poder de barganha e impedir avanços reais. A união de forças é essencial para que tanto ativos quanto inativos possam garantir não apenas reajustes salariais justos, mas também o reconhecimento de sua relevância para a segurança pública e o bem-estar da sociedade.


Portanto, ao invés de se permitir que as diferenças se convertam em conflitos, é fundamental que a classe busque o diálogo, pautado pela compreensão mútua e pela consciência de que a valorização profissional deve abranger todas as etapas da carreira. A luta por melhores condições, quando conduzida de forma coesa e unificada, transcende gerações e contribui para a construção de uma Polícia Militar mais forte e respeitada.


Que essa análise sirva como um convite à reflexão, lembrando que o grande desafio da classe policial não está nas divergências internas, mas na capacidade de se unir em prol de objetivos comuns e duradouros.


Renata Pimenta 


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