Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Arnaldo Silva (União) critica inabilidade do gestor mineiro em meio à tramitação de projeto que tem causado reação popular
O clima na Assembleia Legislativa de Minas Gerais escalonou na manhã desta terça-feira com duras críticas ao governador, Romeu Zema (Novo), em meio à tramitação do reajuste salarial dos servidores públicos do estado. A reação foi capitaneada por um aliado de Zema, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Arnaldo Silva (União Brasil), que criticou a ausência de diálogo com o governador.
— Eu venho com tristeza pela falta de respeito, pela falta de diálogo. Olha a encruzilhada: o que vamos fazer sobre esse projeto? Deixar de votar e prejudicar outros servidores? Ou deixar de votar (...) Não podemos emendar o projeto, segurar o projeto vai adiantar? Eu fico preocupado se esse não é objetivo desse governo: segurar para não dar aumento nenhum — iniciou o deputado estadual.
Em seguida, Arnaldo Silva elevou o tom contra o governador e disse que a política é um ambiente para aqueles que estão dispostos a dialogar.
— Um governo que não abre portas para diálogo, um governo que não manda um representante, um governo que dá uma declaração de que se o servidor não está gostando, que tome outro rumo. A política é um ambiente para político, não para quem nega a política. Fica em casa, vai cuidar da empresa, mas não fica no ambiente político não — disse o presidente da CCJ.
Na manhã desta terça-feira, a Assembleia discute o Projeto de Lei 2309/2024, que propõe um reajuste de 3,62% ao funcionalismo. O texto está entravado na Casa com protestos do segmento e críticas que unem base e oposição.
No âmbito da segurança, os servidores cobram uma proposta do governador de 2019 que trazia o recomposição em três parcelas — uma que foi paga de 12% e outras duas de 13% que não foram cumpridas.
O projeto de lei começou a ser analisado pela CCJ na semana passada, mas foi retirado da pauta por pedido do deputado estadual Sargento Rodrigues (PL). Segundo o Sindicato dos Servidores da Tributação, Fiscalização e Arrecadação do Estado de Minas Gerais (Sinfazfisco-MG), a proposta corresponde a apenas um terço da inflação acumulada dos dois últimos anos, quando não houve reajuste.
O texto chegou à Assembleia em dois de maio, há 19 dias. Até o momento, contudo, ainda não foi votado em nenhuma das comissões.
Reajuste de 298%
Em meio aos revesses na Assembleia, uma emenda da oposição propõe que os servidores tenham um reajuste de 298%, em referência ao aumento dado pelo governador ao seu próprio salário no ano passado.
Em maio, Zema sancionou uma lei que fez com que seu salário passasse de R$ 10,5 mil para R$ 41,8 mil. O vice-governador, Mateus Simões, e secretários também tiveram suas remunerações reajustadas