segunda-feira, 27 de maio de 2024

Esgotamento e falta de reconhecimento pioram cenário nas corporações, analisa psicóloga


SUICÍDIO DE POLICIAIS

Esgotamento e falta de reconhecimento pioram cenário nas corporações, analisa psicóloga

Representantes de sindicatos também apontam a baixa remuneração e falta de efetivo como principais motivos para o adoecimento mental das polícias. Entenda:


Por Isabela Abalen e José Vítor Camilo
Publicado em 23 de maio de 2024 O aumento de

Na avaliação da professora do curso de psicologia do Centro Universitário Una, Camila Fardin Grasseli, o cuidado com a saúde mental também está associado a boas condições de trabalho e às relações dentro dos batalhões, delegacias e presídios. “Falta de reconhecimento, exposição ao perigo, baixa remuneração, assédio moral, tudo isso faz com o servidor pare de se identificar com o trabalho. É isso que provoca o esgotamento, também conhecido como ‘burnout’”, explica.

Na análise da especialista, quando o agente perde o sentimento de que o seu trabalho tem algum significado para a própria vida ou faz a diferença para a sociedade, o adoecimento chega a um patamar de alerta. “O burnout significa que a saúde dessa pessoa está muito prejudicada. A maior parte do tempo a gente passa no trabalho, e uma pessoa doente pode pensar que a saída, de uma forma desesperada, é abrir mão da própria vida”, alerta a professora. 

De fato, o esgotamento devido ao trabalho foi inserido na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), colocando nas instituições a responsabilidade pela saúde mental das equipes. A psicóloga Camila Fardin Grasseli reforça que, no caso dos agentes de segurança pública, é preciso reforçar a vigilância para evitar reações precipitadas.

“Os policiais são agentes armados. Eles precisam de avaliações de saúde mental periódicas. Em uma situação de burnout, estresse passando pela cabeça, qualquer comportamento mais violento vai ter um risco aumentado com o uso da arma. É ruim para a sociedade, mas para aquela família também”, afirma.

Sindicatos se preocupam com trabalhadores

O estresse inerente à profissão, combinado com más condições de trabalho e o baixo salário, foram apontados por Heder Martins de Oliveira, presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros de Minas Gerais (Aspra), como as principais causas para o adoecimento dos policiais. “A questão salarial é importante. Assim como a pressão que os PMs sofrem pela redução da criminalidade violenta, isso com um efetivo que está aquém do que deveria ser. Deveríamos ter pelo menos 50 mil, e temos 36 mil”, reclama.

Para o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil no Estado de Minas Gerais (Sindpol), Wemerson de Oliveira o colega da PM está certo sobre a influência dos baixos salários e efetivos no psicológico das forças de segurança. “Em meio a isso tudo, vemos o governador (Romeu Zema) fazer uma declaração de que os servidores insatisfeitos deveriam ir para a iniciativa privada. No dia em que dois policiais tiraram suas vidas, o governador fez uma postagem em que diz que as pessoas precisam sofrer caladas. Esse tipo de coisa vai somando também para o adoecimento mental”, pondera. 


https://www.otempo.com.br/cidades/2024/5/23/esgotamento-e-falta-de-reconhecimento-pioram-cenario-nas-corpora

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