A lista de benesses para os servidores públicos é tão extensa quanto vergonhosa: auxílio moradia para quem tem casa própria, vale alimentação acima do salário mínimo, auxílio vestuário para quem usa terno, indenização de transporte para quem tem motorista e outros. O pior é tudo isso sendo financiado com recursos públicos em um país onde mais de 10 milhões brasileiros passam fome.
O escracho é tamanho que nesta segunda-feira, 22, por exemplo, o site Metrópoles noticiou que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) pagou super-remunerações a técnicos e analistas judiciários nos últimos meses. Um técnico lotado no Núcleo de Suporte a Redes Convergentes teve rendimento bruto de R$ 883,6 mil em dezembro de 2022 – o maior valor registrado nas folhas de pagamento do TJDFT. Ele recebeu R$ 633,9 mil líquidos naquele mês. O tribunal justificou que o pagamento foi dentro da legalidade, o que realmente pode ser verdade, mas não deixa de ser absurdo.
Diante da disposição das lideranças no Congresso em fazer avançar uma reforma administrativa, o governo dá sinais de que poderá deixar uma posição avessa a esse debate. Em reação ao que parece ser um inevitável avanço da pauta, a ministra da Gestão da Inovação, Dweck, chegou a indicar que o Executivo apresentará um projeto alternativo à principal iniciativa já em tramitação, a proposta de emenda constitucional 32, de 2020.