Bom dia Mendonça,
Esse exemplo de Araçuaí é sintomático do que pode ser considerado, no mínimo, falta de visão estratégica.
Há um fator muito óbvio aí, e temos que voltar até a segunda metade da primeira década do século XXI para dizer sobre ele.
Esse fator é o número de Oficiais da PMMG e CBMMG estagnados em promoção naquela época. Em razão da quantidade de Oficiais formados em diversas turmas em anos anteriores, chegou um momento em que não existiam cargos para promover. Eu mesmo fiquei 11 anos e meio como Capitão, mais de 1/3 da carreira.
Havia um problema de falta de cargos e aí surgiu o atual regulamento de promoções de Oficiais, que impõe as promoções independente da existência de cargos.
Em vez de se criarem cargos de forma coerente, optou-se por promover primeiro, pra depois arrumar ou inventar um lugar para enfiar os promovidos.
Dá pra frente, não é necessário contar o restante da história, pois as aberrações que surgiram foram muitas.
Teve companhia orgânica promovida a batalhão, sem a menor estrutura humana e logística para tal fim. E o pior, tirando efetivo da rua para compor os quadros da administração.
Outro problema que surgiu foi a instituição da cultura do "primeiro terço" de turma. Sem muito esforço, o oficial tem a chance de obter promoções, bastando para isso não receber nenhuma punição.
Na prática, foi sepultada a promoção por merecimento, e ficou estabelecida a "meriguidade".
Esse é um grande abacaxi a ser descascado, porque impacta diretamente na motivação dos profissionais. Aquele que ocupa cargos de gestão pode fazer apenas o mínimo, que vai se dar bem na carreira.
O problema que surge daí é o gradativo e contínuo enfraquecimento institucional. E não adianta reclamar, porque se, no nosso caso (PMs), a PMMG afundar, vamos todos juntos pro fundo.
O comando geral que conseguir reverter isso, tanto as aberrações como a de Araçuaí, quanto as promoções sem esforços, estará livrando a instituição de um gap de gestão gigantesco.
É questão de visão estratégica.
Sobre as promoções dos Praças, temos que olhar por outro ângulo, uma vez que as funções são diferentes, e a maioria delas sempre puderem ser exercidas por militares de graduações diferentes. Mas as promoções dos oficiais têm que ser revista urgentemente.
Quem sabe o alto comando não esteja já olhando isso com o devido cuidado?
Um fraternal abraço!
MENDONÇA