Desabafo sobre questões de escala e gestão na polícia.
"Enviei esse desabafo, é mais ou menos assim, meio curto, né? Não dá pra me expressar como realmente é quando conversamos entre colegas aqui. Vou tocar em um ponto agora sobre escala, para você ver como eu insisto nessa questão. Desde que entrei na Polícia, tenho falado com os comandantes sobre a escala e uma melhor gestão do efetivo. Alguns me ouviram, outros ignoram o que eu digo, e isso nos deixa irritados. Trabalhei por muitos anos com escalas. Hoje, no batalhão da área em que atuo (não é o meu batalhão, mas é a área), também atuo na área de outro batalhão. O policiamento rodoviário hoje é dessa forma, mas antigamente tínhamos a situação de garantir que a polícia militar estivesse atendendo a população 24 horas por dia. Se o efetivo não estivesse atendendo essas ocorrências, as viaturas deveriam estar disponíveis 24 horas por dia. Sempre em todo o período das 24 horas e tal. Com a situação da carga horária, os comandantes passaram a adotar escalas de 10 horas. Aqui no interior é o que acontece: não fecha a conta, só não temos policiamento 24 horas durante o dia. Tem ocorrido aqui nas áreas dos pelotões ficar sem policiamento das 18h até as 20h e das 6h até as 8h, ou seja, não temos mais policiamento 24 horas. Uma coisa interessante que notei é que eles não querem adotar uma escala de 12 horas porque isso exigiria uma folga maior para o militar, e eles não querem que o militar tenha mais folga porque ele poderia arrumar outra coisa para fazer durante esse tempo. A polícia prefere deixar de atender à população do que oferecer uma escala melhor para os militares, que estão prontos para atender a população 24 horas por dia. Não vai faltar efetivo na rua, mas eles não querem oferecer um tratamento melhor aos militares. O militar, principalmente o praça, nunca pode ganhar algo; ele sempre tem que estar perdendo. Que a população se dane, mas o praça não pode ter uma folga melhor. É isso que está acontecendo no meu batalhão também: não podemos ter uma folga melhor; ela tem que ser cortada para que não possamos fazer nada."
