Os desdobramentos do caso Rafaela Drumond têm revelado a profundidade dos problemas ligados à saúde mental na Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). A escrivã, que denunciava ter sido vítima de assédio na instituição, se suicidou no mês passado.
O cargo de escrivão, exercido por Rafaela, é o mais sobrecarregado, de acordo com o diretor jurídico do sindicato da categoria. O excesso de trabalho, muitas vezes somado ao assédio, leva a baixas na corporação, como vem noticiando nos últimos dias o jornal O TEMPO.
Dados divulgados pela própria Polícia Civil ontem revelam que a instituição tem dois agentes afastados por dia por motivos de saúde.
Além dos servidores em licença médica, existe o déficit histórico de funcionários na corporação, e falta estrutura nas delegacias. O déficit chega a 50% da quantidade atual de alguns cargos, segundo o delegado Antônio Carlos de Alvarenga, da Divisão de Polícia Interestadual (Polinter), em matéria do portal O Tempo publicada em 13 de junho.
A falta de funcionários na PCMG é um problema há pelo menos 20 anos, quando a criminalidade começou a crescer de forma exponencial, principalmente na região metropolitana de Belo Horizonte. O governo parou no tempo e não conseguiu acompanhar a crescente violência em Minas Gerais.
Vários elementos se acumulam e causam frustração nos policiais e na população. O abandono do governo em relação à polícia investigativa impede a elucidação dos crimes, razão principal da existência da instituição. O resultado de uma polícia judiciária ineficiente é a impunidade que impera no dia a dia, seja em roubos de celulares no centro da cidade ou até em crimes contra a vida. Segundo o delegado da Polinter na mesma reportagem, “nem 10% dos casos são apurados”. Um aprodutividade baixíssima.
A Polícia Civil carece de uma reestruturação que inclua valorização salarial; criação de protocolo para prevenção e combate ao assédio; e investimento em inteligência e qualificação profissional