quarta-feira, 26 de julho de 2023

O CUSTO DA INJUSTIÇA Sucateamento de delegacias e falta de efetivo atrapalham investigações Em Minas, o déficit de investigadores – que são peças-chaves na construção de um inquérito policial – chega a 53,4%

 

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O CUSTO DA INJUSTIÇA

Sucateamento de delegacias e falta de efetivo atrapalham investigações

Em Minas, o déficit de investigadores – que são peças-chaves na construção de um inquérito policial – chega a 53,4%

Por Alice Brito, Clarisse Souza, José Vítor Camilo e Tatiana Lagôa Publicado em 26 de julho de 2023 | 03h00 - Atualizado em 25 de julho de 2023 | 16h49


CUSTO DA INJUSTIÇA

Sucateamento de delegacias e falta de efetivo atrapalham investigações

Em Minas, o déficit de investigadores – que são peças-chaves na construção de um inquérito policial – chega a 53,4%

Por Alice Brito, Clarisse Souza, José Vítor Camilo e Tatiana Lagôa Publicado em 26 de julho de 2023 | 03h00 - Atualizado em 25 de julho de 2023 | 16h49

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Investigador de delegacia no bairro Cachoeirinha disse ter solicitado novas cadeiras — Foto: Léo Fontes

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O calvário do servente de pedreiro Thiago Paulino Simões – preso injustamente durante dois anos e cinco meses pelo assassinato da ex-namorada e do próprio filho, de apenas 5 meses – começou logo após o crime, ainda na delegacia de Itajubá, no Sul de Minas Gerais. Foi lá que, em poucos dias e sem provas concretas, investigadores e um delegado da Polícia Civil concluíram que o rapaz seria o autor do crime brutal. congestionamento de casos nas delegacias do Estado, fato que, segundo o presidente do Sindpol, resulta em demora na conclusão dos inquéritos. “Muitas vezes, uma testemunha só é ouvida ou uma prova só é coletada mais de um ano após o crime”, relata. 

O problema reverbera no Judiciário, como observa o juiz Ernane Neves, da Vara de Execução Penal da Comarca de São João del-Rei, na região do Campo das Vertentes. “Com a falta de estrutura, material e pessoal (nas delegacias), os inquéritos levam de dois a três anos para serem concluídos. Quando chegamos à fase de instrução, testemunhas esqueceram fatos, não se lembram mais do momento do crime, e os depoimentos não refletem a verdade. Isso influencia a absolvição ou a condenação do réu”, ressalta o magistrado. 

O magistrado se recorda de um tempo recente em que a falta de estrutura em delegacia reverberava em dificuldades na conclusão do inquérito e, consequentemente, no julgamento. “Há uns oito anos, chovia dentro da delegacia em São João del-Rei, faltava computador, a comunidade teve que ajudar a comprar papel para que as investigações pudessem acontecer na delegacia. Em algumas cidades, temos um delegado para cuidar de milhares de inquéritos com apoio de três investigadores. Às vezes, eles têm uma viatura disponível. @otempo