O Exército e a Aeronáutica acompanharam orientação que havia sido dada pela Marinha e orientaram seus militares a se desfiliarem de partidos políticos.
No começo de março, a Marinha deu 90 dias para que militares deixem as legendas, como mostrou a Folha. A ordem foi repassada no mesmo dia em que a cúpula da corporação se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A informação de que Exército e a FAB (Força Aérea Brasileira) fizeram a mesma orientação foi noticiada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha.
![](https://f.i.uol.com.br/fotografia/2023/01/22/167437550063ccf14cd2831_1674375500_3x2_md.jpg)
Em nota, a FAB argumentou que a Constituição Federal já prevê que "o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos políticos".
O órgão disse orientar periodicamente seus militares "para que consultem a justiça eleitoral, para que não sejam surpreendidos por filiações às quais não tenham dado causa". A Aeronáutica ainda disse respeitar escolhas pessoais de seus militares, "desde que em cumprimento às legislações vigentes".
O Exército afirmou, em nota, ter emitido uma determinação para que "no mais curto prazo" os militares deixem os partidos políticos. "Pois tal situação contraria as normas vigentes e é passível de sanção disciplinar", disse ainda o Exército.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, entregou no último dia 14 ao Palácio do Planalto uma minuta de PEC (proposta de emenda à Constituição) para proibir que militares da ativa assumam cargos políticos.
Nas regras atuais, se um militar quiser se candidatar a cargos no Legislativo ou Executivo, ele deve pedir afastamento da Força. Se não se eleger, o militar fica autorizado a voltar à ativa. É exatamente o retorno que a Defesa quer evitar com a PEC em gestação.
A Marinha foi a Força que mais criou dificuldades para Lula durante a transição de governo. O ex-comandante Almir Garnier evitou encontros com Múcio e faltou à passagem de comando para o novo chefe Marcos Sampaio Olsen —ação inédita desde a redemocratização.
As Forças Armadas ainda foram alvos de críticas durante o governo Jair Bolsonaro (PL) devido ao alinhamento de sua cúpula ao ex-presidente, por exemplo, ao alimentar teses golpistas contra as urnas eletrônicas.
![O general Tomás Ribeiro Paiva, comandante militar do Sudeste, foi escolhido por Lula para ocupar o posto de comandante do Exército, após demissão de Arruda em janeiro](https://f.i.uol.com.br/fotografia/2023/01/20/167425441863cb1852aa869_1674254418_3x2_md.jpg)
O general Tomás Ribeiro Paiva, comandante militar do Sudeste, foi escolhido por Lula para ocupar o posto de comandante do Exército, após demissão de Arruda em janeiro. Divulgação - 26.jul.21/Exército Brasileiro/
![Demitido 13 dias após os atos de 8 de janeiro, o general de Exército Julio César de Arruda tinha sido definido por Lula e Múcio para o comando do Exército ainda em dezembro](https://f.i.uol.com.br/fotografia/2022/12/28/167224878663ac7dd299516_1672248786_3x2_md.jpg)
Demitido 13 dias após os atos de 8 de janeiro, o general de Exército Julio César de Arruda tinha sido definido por Lula e Múcio para o comando do Exército ainda em dezembro. Marcos Correa/PR/